segunda-feira, 18 de maio de 2009

História da Luta Livre - El Condor

Seguindo minha proposta de contar um pouco da história dos grandes lutadores do passado, contando com a ajuda de grandes amigos que direta ou indiretamente fazem parte da história da Luta Livre no Brasil, neste artigo de hoje levaremos ao conhecimento de todos a vida de El Condor, em texto á pedido redigido por sua própria filha Carla Martinez.
Para saber sobre esse grande lutador, clique em Leia Mais...


EL CONDOR (Juan Carlos Martinez 1928-1989)

El Condor e Bobby Olson

Nasceu em Buenos Aires no ano de 1928, em 1944 estreou nos ringues através do pugilismo.
Em 1946 passou a dedicar-se ao catch-as-catch-can, frequentando várias escolas argentinas de luta livre, como também a conceituada academia de Mr. Chile seu amigo pessoal.

No ano de 1960 após seu retorno de uma turnê de luta livre pela América latina, foi convidado por Martin Karadagian (dono dos Titanes en el Ring e o maior empresário de lutas de todos os tempos na América latina) a fazer parte de sua equipe “Titanes en el Ring”, o que era um enorme privilégio para todos os lutadores da época, pois apenas os melhores, os mais talentosos eram convidados a ingressar naquela equipe e muitos desses raros talentos fizeram parte dela como: Tigre Paraguaio, Mr. Argentina, Ted Boy Marino, Viking (argentino), Barba Roxa, Capanga, El Chasque, Mr. Chile, Ulisses, Bobby Olson, Franck Butcher, todos colegas e grandes amigos de longa data de meu pai.

Em 1962 começou a lutar no canal 9 Libertad de Buenos Aires, no ano seguinte participou do “Torneo Internacional de Catch” em Buenos Aires, as competições eram realizadas no Luna Park.

El Condor vs Scaramouche (Ringuedoze)

Em 1964 foi trazido pelo seu empresário para o Brasil, aqui foi contratado para lutar nas equipes Ringuedoze” (TV Gaúcha cana 12 RS), “Reis do Ringue” (TV Excelsior canal 9 SP,) Telecatch (canal 2 RJ). No período que permaneceu nessas equipes fez novos grandes amigos como El Duende (mexicano e um de seus padrinhos de casamento no ano de 1968, 1º casamento do “Ringue Doze”), Ringo, Jangada, El Cid, Antoniello, Búfalo Bill, Leal, Durango, Loco Perez, Ás de Ouro, Apolo Colombiano, Ciclone, Mamuth, Chaves, Bala de Prata, Leão do Líbano, Scaramouche, Fidelão, Stiner, Gino Durante, Giuliano, Jean Rabiu, enfim, foram tantos lutadores e pessoas ligadas ao meio e alguns de simples colegas passaram a ser enormes amigos e a fazerem parte de nossa família que mesmo sem querer estou sendo um pouco relapsa em não mencionar todos os nomes.
Após o término dessas equipes, com idas e vindas constantes de suas turnês pelo exterior, El Condor foi convidado por Gran Caruso (Juan Giammarino) e pelo Homem Montanha (José Anibal Saumell), ambos seus amigos pessoais, a fazer parte da equipe “Astros do Ringue”, lá se reencontrou com grandes amigos e colegas como Antoniello, El Toro, Ali Bunani, Romano, Cangaceiro, Índio Saltense, Moretto, Hércules, Cavernari, Gigante de Pedra... Como era de costume por onde El Condor passava, ele seguiu fazendo novas amizades como Pequeno Polegar, Django, Ted Nelson, Caboclo Selvagem... e mais tantos outros que não teria espaço para mencionar.

Em 1974 foi destaque na TV Paranaense, no Telecatch.
Aqui no Sul fez parte de várias equipes, sempre presente e procurando dar apoio para os amigos.
Teve verdadeira dedicação e um grande respeito pela luta livre e pelo pugilismo que eram sua paixão, foi um grande incentivador das gerações de lutadores que iam surgindo, nos ringues era um instrutor rígido, sempre querendo que seus alunos chegassem à perfeição, que dessem o máximo de si, fora dos ringues era uma pessoa maravilhosa, amigo, brincalhão, confidente, justo, enfim, era o Papito como o chamavam.

Certa vez em uma entrevista ao jornal “Folha da Tarde” no ano de 1981 ele disse o seguinte:

“É um esporte artístico que praticamente todas as pessoas levam dentro de si. Ajudamos as pessoas a largar o seu ódio para fora. O importante sobre o ringue, é que como na vida real, o sofrimento pareça autêntico, que por instante nenhum se detecte o fingimento, um acordo, uma simulação.
A justiça da vida se transfigura sobre o ringue e a platéia respira aliviada enquanto volta para seus lares”
(El Condor, Folha da Tarde/1981)

Transcrevi apenas alguns trechos da reportagem que na realidade foi o registro das palavras de um verdadeiro mestre da luta livre
Lamentável que muitos ditos “empresários” e “instrutores” tenham esquecido dessa pequena lição, mas que foi muito importante e manteve a luta livre viva por muitos anos.
El Condor foi instrutor de defesa pessoal e boxe das policias do estado Rio Grande Sul (BM, Polícia Civil, Federal) tendo trazido vários títulos de campeões para a equipe de boxe da UGAPOCI do qual era treinador.
Trabalhou na maioria dos filmes de Teixeirinha (seu grande amigo pessoal) e até hoje ainda é lembrado e mencionado por Vitor M Teixeira Filho (Vitinho) tanto nas homenagens feitas ao seu pai Teixeirinha através de imagens, livros e filmes escolhidos onde lá está o El Condor, como também nos programas do Galpão Crioulo, também atuou no filme “Um domingo de GreNal” com Paulo Sant'ana.
Sabedores que todos são, meu pai era altamente benemérito, realizou várias apresentações beneficentes, fato que me causa grande orgulho.

Juan Carlos Martinez fez do Rio Grande do Sul seu lar, onde constituiu família.
Esse é um pequeno resumo da vida de um grande homem de conduta ilibadíssima que deixou várias portas abertas para que sua família pudesse passar de cabeça erguida, era e ainda é querido, admirado e respeitado por todos aqueles que cruzaram seu caminho, amigo incontestável, ótimo esposo e mais que excelente pai, um enorme amigo!

Carla R Martinez