[Matéria Enviada] A maldição do WWE Draft

Recebemos por e-mail uma excelente matéria escrita pelo nosso leitor Marcos Janaúba, que pediu para ser publicada aqui. Acompanhe a matéria, e saiba um pouco mais sobre a "nuvem negra" que ronda os Superstars da WWE nessa época de mudanças.

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"A Maldição do WWE Draft"
Epílogo - A maldição começa...

No dia 11 de Fevereiro a WWE anunciou que haverá um novo Draft após o Wrestlemania XXV. Para quem ainda não conhece o conceito, o WWE Draft é um 'sorteio' que define a transferência de lutadores entre as três franquias da empresa - RAW, SmackDown e ECW.

Sem me prolongar muito numa aula de história da WWE, eu gostaria de falar de um fenômeno que eu tenho acompanhado de perto nos últimos anos: "a maldição do WWE Draft".

(Música sombria ao fundo...)

Por mais que eu goste da idéia, por mais que eu goste do programa especial de três horas de duração, por mais que eu goste da ansiedade tanto dos fãs quanto dos lutadores (com exceção do HHH, claro)... O DRAFT DÁ UM AZAR DESGRAÇADO PARA QUASE TODOS OS ENVOLVIDOS.

Dificilmente as estrelas transferidas conseguem manter seu status atual ou permanecer na companhia por muito tempo. Para todas as estrelas de segundo escalão, é quase um aviso prévio.

Duvida? Então me acompanhe nessa retrospectiva.

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"A Maldição do WWE Draft"
Capítulo I - A maldição extrema

No WWE Draft de 2006, Kurt Angle foi enviado para a ECW, recém ressucitada pela WWE. A nova franquia precisava de um nome de peso, reconhecível pelos fãs, e capaz de elevar a qualidade do show e dos lutadores. Segundo estes motivos, Angle não parecia uma má escolha.

Alguém decidiu que Kurt devia exemplificar o que significava ser "extremo", assumindo uma atitude mais agressiva e violenta, que se refletia no ringue, e isso coincidiu justamente com o momento em que o medalhista olímpico passava por um momento muito difícil em sua vida pessoal, lutando contra as repetidas fraturas no pescoço e a dependência de analgésicos.

Insatisfeito com a postura da presidência, Angle deixou a companhia apenas três meses depois após o Draft.

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"A Maldição do WWE Draft"
Capítulo II - A maldição se alastra

O WWE Draft de 2007 rendeu um ótimo programa, mas o resultado final não pode ser considerado um sucesso:

Boogeyman foi transferido do SmackDown para a ECW: após alguns meses, o Bicho-Papão se machucou feio, e ficou mais de um ano fora dos ringues.

Booker T (na época, King Booker) foi transferido do SmackDown para o RAW: Booker foi um dos envolvidos num escândalo de encomenda de substâncias proibidas pela política de bem-esta da WWE em um site da Internet e saiu da companhia cinco meses após o Draft.

Chris Benoit foi transferido do SmackDown para a ECW: após a experiência mal-sucedida com Kurt Angle, Benoit foi escolhido para capitanear a terceira franquia da WWE, mas quem viu o Draft pôde perceber claramente seu descontentamento com a decisão (só não foi maior que a decepção de Jim Ross no ano seguinte). Não podemos colocar a culpa da tragédia que se seguiu no Draft - qualquer um que ouse fazer isso é leviano e irresponsável - mas infelizmente é fato que Benoit cometeu suicídio após assassinar a esposa e os filhos duas semanas após sua transferência.

Torrie Wilson foi transferida do RAW para o SmackDown: ultra-popular entre os fãs e a diretoria, danos acumulados nas costas afastaram Wilson dos ringues e da TV apenas cinco meses após ser transferida. Wilson ainda permaneceu na companhia por mais um ano, e lhe foram oferecidas oportunidades em outros setores de trabalho, mas Torrie decidiu pedir demissão ao saber que a necessidade de tratamento cirúrgico acabaria com suas chances de ser Campeã Feminina.

Chris Masters foi transferido do SmackDown para o RAW: Masters foi suspenso por sessenta dias após violar a política de bem-estar da WWE pela segunda vez, e foi demitido cinco meses após o Draft.

Bobby Lashley foi transferido da ECW para o RAW: Lashley perdeu o título de campeão da ECW e se feriu seriamente apenas um mês depois da transferência, e ficou fora do ar até ser liberado de seu contrato seis meses depois. A WWE perdeu bastante com sua saída, pois todos previam um futuro brilhante para o grandalhão na luta livre.

Ric Flair foi transferido do Raw para o SmackDown: Batista ficou feliz com a mudança, mas Flair definitivamente não compartilhou do sentimento: ficou dois meses no SD, sumiu por mais três, sem nenhuma explicação, e voltou ao RAW. Como sabemos, ele se aposentou no Wrestlemania XXIV.

Mr. Kennedy (Kennedy!) foi transferido do SmackDown para o RAW: Hah! Essa é uma das minhas partes preferidas da história. Kennedy (Kennedy!) estava em ótima fase. Tudo indicava que na história sobre o filho ilegítimo de Vince McMahon, ele seria a tal criança. Mas veio a maldição do Draft, e Kennedy foi suspenso no escândalo do site de substâncias proibidas. Levou meses até ele admitir publicamente que usava esteróides. Quando voltou, bem, as coisas nunca mais foram as mesmas, pois o Raw é terra árida para os novatos. Aguardemos, porque ele aparece novamente na história.

No Supplemental Draft (as transferências não televisionadas), houve três vítimas:

Daivari foi transferido do SmackDown para o RAW: o atual Sheik Abdul Bashir da TNA permaneceu apenas quatro meses na WWE antes que lhe desejassem sucesso em seus próximos empreendimentos.

Eugene foi transferido do RAW para o SmackDown: mesmo sendo querido e arespeitado por seus colegas, inclusive como treinador, Eugene (Nick Dinsmore, na realidade) foi demitido quatro meses depois, por repetidas violações da política de bem-estar.

Sandman foi transferido da ECW para o RAW: uma das piores escolhas da WWE, na minha opinião. Fora de seu ambiente natural, o ícone da violência pediu para sair três meses depois da transferência.

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"A Maldição do WWE Draft"
Capítulo III - A maldição suplementar

Aparentemente, as coisas ocorreram de forma muito melhor no WWE Draft de 2008. Um ano se passou e todas as estrelas transferidas no Draft principal continuam na WWE, embora nem todas tenham escapado ilesas.

Mas a maldição não perdoa, e o estrago no Supplemental Draft foi grande.

Mr. Kennedy (sempre ele!) foi transferido do RAW para o SmackDown: francamente, ser transferido dois anos consecutivos não pode ser bom sinal! Nossa vítima preferida tinha a chance de reconquistar sua popularidade com o lançamento de seu filme "Behind Enemy Lines - Colombia", mas uma lesão no ombro dois meses após o Draft o tirou dos ringues por um looooooooooongo tempo. Se Kennedy (pela última vez: Kennedy!) for transferido em 2009, tenho certeza que será seu último ano na companhia.

Trevor Murdoch foi transferido do RAW para o SmackDown: depois de falhar fragorosamente em emplacar como cantor de música country, o caipira foi demitido da WWE um mês depois da transferência, sem ao menos ter a chance de estrear na nova franquia. Seu antigo parceiro de duplas Lance Cade não permaneceu muito mais tempo.

Big Daddy V foi transferido da ECW para o SmackDown: BDV já havia sido mandado para casa pela diretoria para perder peso quando foi transferido. Sem sucesso, foi dispensado pela WWE dois meses depois.

Super Crazy foi transferido do RAW para a ECW: embora aguardássemos que Crazy fosse melhor aproveitado na franquia 'extrema', raramente o vimos na TV. Insatisfeito com seu papel, Super Crazy pediu demissão cinco meses após o Draft, retornando ao México.

Chuck Palumbo foi transferido do SmackDown para o RAW: as aparições de Palumbo no RAW foram poucas antes de sua liberação, cinco meses depois.

Matt Striker foi transferido da ECW para o RAW: eis o nosso rascunho de final feliz. Striker não era utilizado ativamente como lutador a muito tempo na ECW e nunca chegou a lutar no RAW, mas a saída abrupta de Mick Foley abriu uma vaga de comentarista e desde então Striker tem se destacado no papel, a ponto de dividir com Todd Grisham o prêmio Slammy de Melhor Equipe de Comentaristas de 2008.

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"A Maldição do WWE Draft"
Epílogo - O fim?

Com ou sem o Draft, as transferências acontecem o tempo todo. Kelly Kelly seguiu para o RAW sem explicação e logo após o Draft de 2008, deixando a ECW sem uma diva por muitos meses. Matt Hardy abandonou a ECW e partiu para o SmackDown, sem nenhuma oposição da gerência. Chavo Guerrero se muda frequentemente, sem alarde (na última vez que vi, ele já estava no SmackDown).

As fronteiras entre as franquias nunca estiveram tão desgastadas, a ponto de lutadores como John Morrison aparecerem nos três shows (e até no pay-per-view!) numa mesma semana. E depois dizem que Cena trabalha muito...

O fato é que a menos que o Draft seja a única opção oficial de transferência, ele perde uma grande parcela de sua relevância. E realizá-lo anualmente também dificulta a criação de novas rivalidades entre dois ou mais lutadores que nunca se enfrentaram antes. Mais do que isso, a anuidade do Draft impede que as estrelas estreantes se estabeleçam o bastante antes de serem lançadas em programas de maior visibilidade.

Torçamos para que o Draft eleve novos talentos e traga novidades, e não mais vítimas para a maldição.